quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Inflação II

A inflação e seu efeito no valor da empresa (II)

As empresas não estão alheias aos efeitos da perda do poder aquisitivo da moeda. Resumidamente, podemos inventariar os principais efeitos resultantes da inflação no património das empresas:

Nos activos circulantes

As disponibilidades e os créditos concedidos a terceiros perdem uma parte do seu real valor. Não será possível com o mesmo quantitativo em dinheiro adquirir, um ano depois, a mesma quantidade de um determinado produto ou serviço.

De uma forma geral, a empresa perde no capítulo das existências - A menos que a empresa utiliza o critério LIFO (os últimos a entrarem são os primeiros a saírem) como critério de registo das saídas de armazém. Critérios de registo de saídas como o FIFO – Os primeiros a entrarem são os primeiros a saírem - e Custo Médio Ponderado obrigam a que os produtos saíam do armazém a custos que não permitem a reposição dos stocks. Desta forma os lucros são maiores criando possibilidades de pagamento de impostos e distribuição de dividendos indevidos descapitalizando, em certa medida, a empresa. Por outro lado, verifica-se em simultâneo um incremento nas necessidades financeiras para reposição de stocks que diariamente aumentam de preços. Os efeitos conjugados deste processo, a longo prazo, podem pôr em risco a liquidez da empresa.

Nos passivos circulantes

Salvo os casos em que se contrata a indexação de taxas, a inflação provoca um ganho efectivo.

Imobilizados fixos

Sendo bens que pela sua natureza permanecem mais tempo na empresa é neste grupo de activos onde os efeitos da inflação mais se fazem sentir.

Mensuradas pelo custo histórico, as demonstrações financeiras produzidas não transmitem uma imagem verdadeira e apropriada da empresa pois incluem activos que, numa hipotética reaquisição no mercado, nas condições em que se encontrarem à data da elaboração destas demonstrações, a empresa teria que pagar um preço superior ao respectivo valor escriturado.

Por outro lado estes activos estão sujeitos a amortização. De certa forma, poderemos dizer que estes funcionam como uma espécie de reserva que permitirá a empresa reinvestir no fim da vida útil do bem. Porque, entretanto, registou-se um aumento dos preços dos activos e as amortizações foram calculadas com base nos preços de aquisição ou de produção, esta “reserva” não será suficiente para a empresa adquirir um bem com as mesmas características. Torna-se necessário derrogar o princípio do custo histérico para se poder apresentar demonstrações financeiras fiáveis e comparáveis.

Nos Resultados

O impacto nos stocks e a subavaliação dos custos de amortização levam a que a empresa tenha resultados superiores ao real o que conduz a pagamento de impostos indevidos. Mediante a política de distribuição de resultados que a empresa seguir poderá ocorrer uma descapitalização por via de distribuição de resultados que na realidade não existiram.

Autor: Adelino Fonseca

in: Monografia Licenciatura ISCEE - Mai.2007


Sem comentários: